Por Fernando Mantovani

Em cinco anos, as políticas de benefícios ligadas à qualidade de vida serão os fatores mais valorizados pelos profissionais ao analisar uma empresa. Essa é a opinião de mais da metade (55%) dos 387 profissionais entrevistados para a composição da 15ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH). E tem mais: 53% das pessoas ouvidas afirmaram já terem trocado de emprego em função do desequilíbrio entre qualidade de vida e trabalho, enquanto 49% acreditam que essa relação entre privado e profissional é extremamente importante de ser avaliada antes de aceitar uma vaga. 

ICRH

Flexibilidade de horário é o maior desejo

Esses dados só reforçam o que muitos de nós já sabemos ou suspeitávamos: local fixo de trabalho e jornada rígida, com horário determinado para iniciar e terminar o expediente, já não são vistos com bons olhos pelos candidatos. Em pauta, agora, está o home office e o trabalho híbrido. Mais do que nunca, as pessoas querem ser cobradas e valorizadas pelas suas entregas e não pelas horas disponíveis no escritório ou em frente ao computador.

É claro que não dá para negar que algumas funções ou certos modelos de negócio exigem a presença física do colaborador na empresa. Mas, na medida do possível, é recomendado que as empresas se abram para um modelo mais flexível de trabalho, ainda que façam um acordo com os profissionais para garantir que em determinado dia da semana, ou do mês, todos estejam no escritório para reuniões, acordos ou entregas presenciais. É preciso, ainda, se cercar de métodos, processos e tecnologias para que a operação continue funcionando de maneira eficaz.

O bem-estar pode ser um diferencial competitivo

Nesse novo cenário, a flexibilidade de horário, jornada ou local de trabalho passa a figurar como uma excelente forma de atrair e reter os melhores colaboradores para uma organização. Mas não sozinha. Ela deve sempre vir acompanhada de uma remuneração compatível com a praticada no mercado e um pacote de benefícios justo.

Essa precaução toda é justificável. Metade dos líderes entrevistados pela Robert Half durante a pesquisa Demandas Por Talentos no Cenário Atual acredita que, em 2021, será mais desafiador contratar profissionais qualificados, na comparação com o ano passado. O dado fica mais preocupante quando consideramos que, historicamente, nos últimos anos tem sido cada vez mais difícil encontrar profissionais qualificados no Brasil.

Sobrecarga de trabalho também gera estresse

Para que o bem-estar do seu colaborador não esbarre na sobrecarga de trabalho, é sempre importante que o gestor da área ou do profissional se mantenha atento para entender se os colaboradores estão trabalhando além do horário por falta de organização ou por real excesso de trabalho. Se o problema for má administração do tempo, vale a pena se colocar à disposição do liderado para auxiliar no ajuste dessa rota. Agora, se há pico de demanda, sugiro outro caminho.

O primeiro passo diante de um cenário de excesso de trabalho é avaliar se a demanda é pontual ou permanente. Depois, deve-se partir para a avaliação da distribuição das tarefas. Elas podem, por exemplo, ser assumidas por algum membro da equipe interna? Se essa possibilidade não existir, é hora de avaliar a contratação de um profissional permanente ou por projeto temporário. É importante destacar que, em muitos casos, a mão de obra especializada do profissional de projetos se apresenta como uma ótima opção para resolver um desafio pontual com excelente custo-benefício para a companhia.

O ano de 2021 será de recuperação e reconstrução, o que torna fundamental ter na equipe pessoas felizes, engajadas e emocionalmente saudáveis para encarar os desafios que ainda estão por vir. É seu desejo estar com o melhor time nesse momento, não é mesmo?

* Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar

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