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A pandemia chegou, não foi embora totalmente, mas graças ao controle obtido com a vacinação e outras medidas sanitárias, a vida nos escritórios está definitivamente de volta. Seja qual for o tipo de atividade ou o porte da empresa, essa retomada, porém, não se refere apenas a recuperar os hábitos e os processos pré-coronavírus, mas à incorporação das inovações trazidas pela fase mais crítica do período pandêmico. Trabalho remoto, mais cuidados com a saúde mental e valorização da qualidade de vida são algumas delas.

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Muitas coisas mudaram nos últimos anos

Um jeito de ver esse cenário é pela dificuldade de manter ou ampliar as novidades que entraram para o “cardápio” das empresas, como o home office. Certamente assumir de vez novos horários e locais de trabalho ou consolidar um programa de saúde mais robusto envolve desafios práticos e culturais. Pode ser uma tentação imaginar que se a pandemia quase acabou, por que não voltar ao antigo e conhecido esquema de sempre? A resposta é simples: Porque os tempos mudaram muito com a Covid-19, outros valores e expectativas ganharam relevância e provavelmente assim permanecerão por longa data.

O mais estratégico é enxergar a volta aos escritórios como uma oportunidade de implementar ou fortalecer mudanças que ajudem na atração e na retenção de talentos. A palavra-chave, aqui, é benefícios. A disputa por profissionais qualificados está acirrada e uma organização que ofereça diferenciais voltados ao bem-estar, saúde e equilíbrio emocional dos funcionários se destacará no mercado.

O que os trabalhadores pensam sobre os benefícios a essa altura? Realizamos uma pesquisa com foco nessa questão, mapeando a opinião deles e de recrutadores sobre os pacotes oferecidos antes e depois da pandemia. Comento, a seguir, alguns dos principais resultados.

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Benefícios são muito importantes na hora de escolher um emprego

Para 42% dos trabalhadores entrevistados, os benefícios são levados em consideração na hora de aceitar uma nova proposta de emprego, no entanto, eles não são vistos como um fator decisivo. Entre 57% das pessoas ouvidas, se os benefícios que elas julgam importantes não estão disponíveis, a alternativa é negociar melhor o salário. Para apenas 1% dos profissionais a remuneração é o mais importante, independentemente de a empresa ter ou não certos benefícios.

Somente 15% dos profissionais que participaram da pesquisa estão em empresas onde é possível escolher os benefícios que melhor se adaptam à própria realidade. Já 81% dos entrevistados estão empregados em companhias onde não existe possibilidade de escolha, ou seja, o pacote de benefícios é fixo e único para todos. E 4% estão alocados em empresas que não oferecem benefícios.

Benefícios customizados são o sonho da maioria

Poder escolher os benefícios de acordo com as próprias necessidades, o que significa trabalhar em uma empresa com benefícios flexíveis, é um desejo de 86% dos entrevistados. Para 8% dos profissionais, benefícios flexíveis (também chamados de customizados) não são almejados e 6% dizem não saber opinar sobre esse ponto. Entre os recrutadores, por sua vez, 67% concordam que os colaboradores gostariam de escolher os benefícios de acordo com suas necessidades, contra 13%, que discordam dessa afirmação, e 20%, que não sabem responder essa questão.​

Índice de Confiança Robert Half​ ​

O ICRH monitora o sentimento de recrutadores, profissionais empregados e desempregados com relação ao mercado de trabalho e economia atualmente e para os próximos seis meses.​ ​

Os benefícios flexíveis ou customizados são tão apreciados porque mostram respeito às especificidades de cada profissional. Eles evitam as padronizações e até mesmo falsas crenças, como a de que todo mundo gostaria de ter ingressos com desconto para atividades de lazer ou acesso a um plantão psicológico. Dentro de toda coletividade há infinitas particularidades. A verdade é que nem todos querem utilizar a academia, plano odontológico, massoterapeuta e outros serviços oferecidos pela empresa, pelos mais variados motivos (tempo, logística, pouca afinidade com colegas, etc). Por mais investimento que haja em um benefício, dificilmente ele atenderá bem a todos.

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E qual é a solução para essa questão?

Por isso, minha recomendação é escutar com empatia as demandas dos colaboradores e pensar em iniciativas criativas e flexíveis para atendê-las. Esse é um ótimo caminho para elaborar um repertório de benefícios que cumpra o papel de ajudar o colaborador no que ele precisa. Mais gente se sentirá assistida e contemplada em um modelo como esse.

Se customizar os benefícios for complicado demais ou inviável nesse momento, o ideal é investir no aprimoramento do que já é oferecido pela empresa. Esse é o tipo de upgrade que faz os times se sentirem valorizados e, portanto, mais comprometidos com o trabalho.

Aqui, neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks.

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar