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Nada mais próximo cronologicamente do primeiro emprego do que a formação universitária. Tendo concluído uma faculdade, considera-se que o recém-formado tenha adquirido o instrumental necessário para ingressar e prosperar na área de atuação escolhida. Na prática, porém, sabemos que há um grande vácuo entre a bagagem acadêmica e as demandas corporativas. Não é por outro motivo que filmes e séries encontram nesse desafio da vida adulta uma fonte de inspiração inesgotável, sobretudo no gênero comédia.

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Expectativas e realidade

A evolução de muitas carreiras é comprometida pelo confronto entre as expectativas criadas antes de trabalhar na área de formação e a realidade do trabalho propriamente dito. O resultado é frustrante para empregados e empregadores. Por isso, tornou-se comum trabalhadores graduados retornarem à universidade em busca de uma formação mais alinhada ao seu perfil. Assim como é frequente organizações que contratam, demitem e refazem todo o processo seletivo até acertar a mão. Muito desse desencontro se deve à falta de entrosamento entre os universos acadêmico e corporativo.

Para efeito de comparação, podemos pensar nesses dois ambientes como modalidades de um mesmo esporte, a exemplo da maratona e da prova de 100 metros rasos. Ambas são corridas, mas cada uma delas tem suas características, ritmo e metas. Dito isso, preciso ressaltar que justamente por serem distintos, esses dois ambientes são – ou deveriam ser – grandes aliados, contribuindo mútua e permanentemente para a própria evolução e para o sucesso de estudantes e, posteriormente, de profissionais, que não deixam de ser eternos aprendizes.

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A troca entre os dois lados é fundamental

A academia encontra no mercado um laboratório vivo e dinâmico para inspirar, testar e aprimorar respostas e soluções voltadas a atender os anseios da sociedade. O mercado, por sua vez, ganha muito com o uso de teoria, métodos e pesquisas acadêmicas, agregando estratégia, inovação, consistência e inteligência aos seus processos. Juntar o melhor desses dois mundos é positivo para todos.

Na verdade, o diálogo entre academia e mercado será cada vez mais estratégico, tendo em vista o cenário atual. De acordo com dados da 20ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH 20), 76% dos recrutadores entrevistados consideram que está difícil ou muito difícil encontrar profissionais com os requisitos técnicos e comportamentais necessários para o preenchimento das vagas em aberto. Na edição anterior do estudo, essa porcentagem foi de 74%. E na visão de 70% dos recrutadores, o panorama não deve mudar nos próximos seis meses, enquanto 22% acreditam que a busca ficará ainda mais difícil.

Pelo ângulo da retenção de talentos, o horizonte também impõe dificuldades. Segundo o ICRH 20, 26% das empresas afirmam que a intenção de contratar nos próximos meses será mais alta do que atualmente. Ou seja, a rotatividade dos profissionais deve aumentar em breve.

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Integração entre academia e empresas é possível

A aproximação entre corporações e universidades ajudaria muito a formar profissionais mais preparados para aproveitar ao máximo as possibilidades de ambas. Um profissional mais capacitado é vantagem para ele mesmo, para a empresa e para a academia, já que seu aprimoramento está ligado a ela.

A experiência no Brasil e de outros países mostram que há caminhos para que esses dois mundos alcancem maior nível de integração. Cito, a seguir, algumas medidas interessantes para atingir esse objetivo:

1) Parcerias – selar acordos para projetos, premiações e outras iniciativas conjuntas entre cursos de nível superior e organizações é um bom começo para construir um vínculo mais estreito;

2) Financiamento – organizações que destinam recursos financeiros a mestrados e doutorados automaticamente se aproximam da academia, facilitando a troca de conhecimentos e experiências;

3) Mestrado executivo – a oferta de mestrados com aulas às sextas-feiras e finais de semana favorece a agenda de empregados e empregadores, viabilizando uma alternativa realista de estudo;

4) Laboratórios – investir em laboratórios nas universidades, como várias empresas já fazem, é outro modo excelente de unir os interesses e vivências de ambos.​

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É necessário ajustar as diferenças culturais

Muito da distância existente envolve aspectos culturais, mas já é possível vislumbrar avanços. O movimento é muito parecido com o que ocorreu nas próprias empresas. Em um passado não muito distante, as organizações eram completamente departamentalizadas e verticais. Não havia interação entre as áreas. Porém, a busca por agilidade e diferencial competitivo incentivou o alinhamento dessas estruturas, o que exigiu uma comunicação mais efetiva entre os departamentos. Com o passar do tempo, ficou evidente como um todo integrado contribui para processos mais fluidos.

Acredito que podemos enxergar o assunto em questão da mesma forma. Cada agente tem o seu papel e importância. Para a roda girar sem atritos, conhecimento e execução devem andar lado a lado, de forma alinhada. Por sorte, as demandas do mundo contemporâneo trabalham a favor para derrubar essas barreiras.

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar

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