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Por Fernando Mantovani

Você já ouviu falar na carreira em Y? Uma das marcas das gerações contemporâneas é a incrível variedade de formatos de carreira em seu horizonte. Com a longevidade em alta, seria mesmo de se esperar que os profissionais reformulassem suas trajetórias no decorrer da vida. E é o que tem acontecido. Buscar mais de uma formação acadêmica, fazer transições de profissão, se dedicar a um projeto por tempo determinado e exercer duas ocupações distintas ao mesmo tempo são algumas das opções do amplo leque existente no mercado.

Índice de Confiança Robert Half​ ​

O ICRH monitora o sentimento de recrutadores, profissionais empregados e desempregados com relação ao mercado de trabalho e economia atualmente e para os próximos seis meses.​ ​

O significado de "bem-sucedido"

Essa virada de chave contagiou o próprio conceito de sucesso. Enquanto no passado ser bem-sucedido significava ser líder ou chegar o mais próximo disso, hoje a ideia de êxito profissional é diferente. Para muitos, ter uma ocupação que traga realização e senso de propósito pode ser tão ou mais desejável do que atingir o topo da pirâmide hierárquica. Dito em outras palavras, muita gente não almeja cargos de chefia, seja por vontade de equilibrar melhor vida profissional e pessoal ou porque julga não ter o perfil necessário, entre outros fatores.

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Crescimento não consiste só em gestão - existem outros caminhos

Sinto que esse tema ainda é um tabu, mas é fato o crescimento do contingente de profissionais que não sonha com a liderança. Para alguém mais reflexivo, analítico e introspectivo, por exemplo, se concentrar em demandas técnicas e específicas, pode ser mais atraente do que adquirir os atributos requeridos para a gestão de equipe. Liderar pessoas requer habilidades como boa comunicação, resistência à pressão, capacidade de motivação que nem sempre são naturais ou fáceis de desenvolver para algumas pessoas.

O inverso também é verdadeiro. Um perfil mais comunicativo, ágil na tomada de decisão e com uma visão holística da empresa, tende a se sair melhor em posições de comando e interações com o time. Em contrapartida, pode render menos em ocupações que exigem uma abordagem imersiva, aprofundada e detalhista, mais adequada a especialistas e técnicos.

Mas o que é a carreira em Y?

Foi desse cenário que surgiu a chamada carreira em Y, um modelo já adotado por várias empresas e que prevê planos de crescimento profissional em duas direções: 1) cargos de gestão e 2) cargos técnicos e de especialista. Essa inovação é muito bem-vinda por dois motivos. Primeiro porque responde a uma realidade inexorável: o número de cargos de liderança é limitado. Impossível todos chegarem lá. Segundo porque ajuda os recrutadores a lidarem com o desafio de ter oportunidades para diferentes perfis.

A 20ª edição do Índice de Confiança Robert Half entrevistou recrutadores e detectou que 76% deles consideram que encontrar profissionais com os requisitos técnicos e comportamentais necessários para o preenchimento das vagas em aberto está difícil ou muito difícil. Na última edição do estudo, essa porcentagem foi de 74%. Ainda na visão de 70% deles, esse panorama não deve mudar nos próximos seis meses e 22% acreditam que a busca ficará ainda mais difícil.  

Como trilhar e se destacar na carreira em Y

Para quem não se identifica com a carreira linear, apontada exclusivamente para cargos de liderança, a carreira em Y é uma excelente alternativa, pois pode levar a dois destinos diferentes, sendo que um não exclui o outro. Um gestor pode, futuramente, dar uma guinada e atuar como especialista e vice-versa, desde que se prepare para tanto.

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A aposta na carreira em Y requer algumas medidas para que a bagagem técnica seja sólida e atrativa e, ao mesmo tempo, venha acompanhada de soft skills, que são as habilidades socioemocionais. Essa combinação é o que possibilitará não apenas o crescimento na carreira, mas também uma eventual mudança de cargo técnico para de gestão, caso seja interessante para o profissional em algum momento de sua trajetória.

Descrevo a seguir o que considero fundamental para o sucesso profissional na carreira em Y:

- Competências Técnicas – elas são o principal diferencial de um especialista, por isso investir continuamente no aprimoramento técnico é fundamental;

 - Planejamento – organizar-se para trabalhar com foco em prazos e metas ajuda o especialista a render mais e a se destacar;

- Inteligência Emocional – impossível avançar na carreira sem desenvolver algum nível de autoconhecimento e de autocontrole;

- Relações Interpessoais – saber se comunicar e trabalhar em equipe são habilidades para sair da “bolha” que limita muitos especialistas;

- Criatividade – cursos, vivências e atividades que estimulem ideias inovadoras devem fazer parte da agenda do profissional que mira a ascensão.

Técnicos e especialistas são bastante valorizados pelas empresas e vêm encontrando espaço sobretudo nos segmentos de tecnologia, engenharia, finanças e contabilidade. No entanto, para que possam usufruir dessas oportunidades, é essencial que se mantenham visíveis ao mercado, com um LinkedIn atualizado e uma boa rede de contatos. 

*Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar

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