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Não é de hoje que os profissionais de Tecnologia da Informação (TI) são alguns dos mais requisitados e bem pagos pelo mercado. E, por isso mesmo, eles também frequentemente são os campeões de turnover, mudando de emprego mais vezes e em menor tempo do que trabalhadores de outros segmentos. Não bastasse a transformação digital, que se tornou um imperativo para empresas de todos os portes e tipos de atividade, outros fatores entraram em cena para desequilibrar ainda mais a relação entre a oferta e demanda por essa mão de obra.

Um deles é antigo e tem a ver com uma realidade global, que é a insuficiência de investimentos na formação em TI. As formações universitárias e cursos à disposição ainda não são capazes de contemplar as necessidades do País, que acaba formando menos profissionais nessa área do que o necessário. Somam-se a esse contexto, a aprovação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) em 2020, que praticamente tornou obrigatória a contratação de um especialista em segurança de dados na maioria das empresas, e a pandemia, que acelerou bruscamente a migração de negócios para o formato online, ampliando a procura por experts em tecnologia em todos os segmentos.

O que fazer para atrair e reter talentos

Números recentes confirmam esse panorama. A 20ª edição do Índice de Confiança Robert Half 20 (ICRH) analisou dados levantados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) para elaborar um ranking dos setores que mais contrataram no primeiro trimestre de 2022. Adivinhem quem aparece em primeiro lugar? O setor de tecnologia, que foi responsável pela criação de 5.775 postos de trabalho no período. A posição de liderança no saldo de contratações também já havia sido identificada ao longo de todo o segundo semestre de 2021. No futuro, essa tendência deve ser ainda mais acentuada, já que vivemos em um mundo cada vez mais tecnológico e automatizado.

Diante disso tudo, o que as empresas podem e devem fazer para atrair e reter talentos dessa área? Antes de mais nada é importante lembrar que um bom salário, por si só, não garante a permanência de um funcionário em uma companhia, muito menos se ele for de TI, pelos motivos já expostos. E, embora, hipoteticamente seja sempre possível pagar mais do que a concorrência e, assim, encontrar ótimos candidatos, é fato que os processos de admissão e demissão geram custos e desgastes na operação das empresas, que se veem em ciclos infindáveis de recrutamento, seleção e treinamento.

A ascenção dos projetos por período determinado

Entre as diversas modalidades de contratação existentes no mercado, uma está em ascensão há vários anos: para projetos especializados por período determinado. Se no passado esse tipo de contratação acontecia maciçamente na linha de frente do varejo e em datas comemorativas (Natal, Páscoa etc.), hoje o cenário é outro. Cada vez mais aparecem vagas contemplando profissionais qualificados (mais de 25 anos e com formação superior) e cargos de liderança. Uma boa notícia para as empresas e para a mão de obra, que passam a ter mais uma oportunidade à disposição.

De 2020 para 2021, observamos um aumento de 30% nesse tipo de acordo. Em 2022, essa tendência deve se manter ou aumentar, em função da retomada da economia. O fato de haver uma data previamente definida para começar e terminar o trabalho é ideal para atender situações específicas como o lançamento de uma nova linha de negócios, um momento de fusão ou aquisição ou, ainda, um problema interno que exige uma abordagem especializada. E, por isso mesmo, em tempos de tantos desafios e mudanças, essa modalidade de contratação não para de crescer.

Contar com um profissional mais sênior pontualmente traz uma série de vantagens para as empresas. Por um lado, elas conseguem incrementar o quadro funcional sem onerar a folha de pagamento no médio ou longo prazo. Esse é um fator estratégico, sobretudo mediante adversidades como uma crise econômica ou a própria pandemia. Por outro, podem contratar alguém que não precisa ser preparado ou acompanhado de perto, pois trata-se de um profissional que já possui experiência, autonomia e uma rede de relacionamentos valiosa com o mercado.

Os profissionais que atuam em projetos temporários também enxergam ganhos interessantes nesse formato. De acordo com a última edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH), 52% dos entrevistados apontaram que a oferta de empregos por projetos temporários aumentou ao longo dos últimos seis meses e 89% consideram que essa experiência gera impactos positivos na carreira, entre eles: adquirir experiência (56%), networking (52%), contato com ferramentas novas (37%) e oportunidade de efetivação (37%).

Quais são as vagas mais quentes?

Embora, teoricamente, projetos especializados por tempo determinado possam surgir em qualquer tipo de empresa e para qualquer profissional, há um perfil predominante quando analisamos a categoria de profissionais qualificados e cargos de liderança, e as empresas e setores envolvidos nessa dinâmica.

As organizações têm buscado preencher vagas principalmente para Controller, Gerente Contábil, Gerente Fiscal, Gerente de Tesouraria, Gerente de Projetos, Diretor de Novos Negócios e Diretor Financeiro. Profissionais com experiência em modelagem financeira, análise de risco e rentabilidade são alguns dos mais procurados. Em geral, a cada dez novas posições por projetos especializados da área Financeira, por exemplo, uma delas destina-se a nível gerencial.

Entre os segmentos que mais contratam gestores por projeto estão os de agronegócio, tecnologia, e-commerce, logística, infraestrutura, meios de pagamento e varejo. E as áreas que mais buscam esse perfil de trabalhador são, principalmente, tesouraria, contábil e a estrutura financeira como um todo, seguidas das áreas de projetos e de novos negócios.
 

Dicas para contratar ou trabalhar em projetos pontuais

Para a contratação com foco em projetos especializados funcionar bem é fundamental que a empresa e o profissional estejam atentos a algumas características envolvidas nessa modalidade.

No caso do profissional, é importante saber que uma oportunidade de liderança por período determinado exigirá dele atributos como:

- rápida adaptação ao trabalho e a novidades do mercado, já que o retorno esperado pela empresa é imediato;

- postura dinâmica, flexível e empática, para uma boa gestão da equipe;

- facilidade de comunicação, inclusive em um segundo idioma;

- experiência em situações de crise, para que atue bem em qualquer cenário que surja pelo caminho;

- capacidade de compartilhar conhecimentos, já que o time seguirá com o trabalho após o encerramento do projeto.

Para as organizações, lembro sempre que a contratação de líderes temporários é um investimento. Sendo assim, é fundamental adotar a mesma abordagem de uma contratação permanente, ainda mais se a vaga em questão for para um cargo de liderança. Averiguar as referências profissionais, entender como se deu a trajetória do candidato, os trabalhos já realizados, os resultados obtidos e o valor agregado a esses projetos, são cuidados essenciais.

Projetos pontuais com foco em profissionais qualificados e líderes são bastante comuns em países desenvolvidos e têm tudo para se expandirem também no mercado de trabalho brasileiro.

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar

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