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Por Maria Sartori

Conforme a modernidade traz avanços que transformam nossas vidas, um aspecto crucial emerge como uma prioridade inegociável: a saúde mental. Ao pensar no contexto corporativo, um tópico que merece destaque é a saúde mental dos gestores.

Muito se fala da preocupação com a saúde mental dos colaboradores da empresa, de como os líderes estão lidando com os problemas emocionais de seus times, entre outras questões. No entanto, como anda a saúde mental dos próprios gestores?

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Segundo pesquisa da The School of Life, em parceria com a Robert Half, sobre Saúde Mental e Inteligência Emocional no Trabalho, 87,5% dos líderes relataram que a pandemia causou algum impacto em sua saúde mental. Ansiedade, estresse e insônia aparecem no topo da lista.

O estudo completo você confere em: Saúde Mental e Inteligência Emocional no Trabalho

Você, gestor, sabe como um líder deve agir para cuidar da própria saúde mental? Esse tema é super atual e importante. Siga com a leitura para saber mais sobre o assunto.

Qual é o impacto das responsabilidades na saúde mental dos gestores?

As responsabilidades da função gerencial podem ter grandes impactos na saúde mental dos indivíduos que ocupam essa posição. A nossa geração, aos poucos, entende a importância da saúde mental, reconhecendo-a como equivalente às questões de saúde física e merecedora de tratamento dedicado.

Quando olhamos para os gestores, vemos neles uma figura de referência para as operações e decisões da empresa. Isso naturalmente os coloca no epicentro de uma carga de trabalho que pode facilmente levar à sobrecarga de demandas e questões a serem resolvidas.

Em épocas de incertezas, principalmente, a presença e a liderança dos gestores se tornam ainda mais cruciais para o equilíbrio de uma organização. A fim de que os colaboradores possam encarar as adversidades com confiança, serenidade e resiliência, é essencial que os gestores adotem uma postura sólida e de apoio.

Leia também: 10 dicas para promover ações voltadas para a saúde mental no trabalho

Nesse contexto, cuidar da saúde mental dos gestores adquire uma importância ainda maior. O ambiente de trabalho se torna mais volátil, exigindo adaptação constante, e todos os envolvidos estão propensos a cometer erros e a enfrentar desafios.

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Confira a terceira edição da pesquisa sobre saúde mental realizada pela Robert Half em conjunto com a The School of Life.

Como a saúde mental dos gestores interfere no trabalho?

Os gestores não são apenas os alicerces das operações diárias; eles também são os catalisadores do engajamento e do crescimento dos funcionários. Dessa forma, se eles têm a saúde mental prejudicada, as consequências são gerais.

Imagine um gestor que está sobrecarregado de estresse e ansiedade. Essas emoções podem atrapalhar seu julgamento e comprometer a sua capacidade de tomar decisões racionais. Além disso, um líder sob pressão constante pode ficar menos disponível para a equipe, afetando a comunicação e a colaboração.

A saúde mental dos gestores também influencia diretamente na motivação dos colaboradores. Quando um gestor está sobrecarregado ou emocionalmente esgotado, é provável que sua atitude se manifeste nos outros. 

Por outro lado, um líder que demonstra resiliência, empatia e equilíbrio emocional cria um ambiente positivo e inspirador para a equipe. Além disso, gestores saudáveis mentalmente são mais propensos a inovar, resolver problemas de forma eficaz e manter um alto nível de produtividade.

Quais são os fatores que mais afetam a saúde mental dos gestores?

Agora que já vimos como a saúde mental dos gestores é vital para o funcionamento eficaz de uma equipe e de uma organização, é importante entender de onde surgem as principais ameaças nesse sentido.

A seguir, conheça quais são os principais fatores que mais afetam a saúde mental dos gestores.

Pressão da hierarquia

A pressão para agradar aos superiores, tomar decisões difíceis e ser o intermediário entre a equipe e a administração pode criar um ambiente de alta tensão para os gestores. A necessidade de equilibrar interesses conflitantes pode causar ansiedade e uma pressão constante.

Carga de trabalho excessiva

A pressão para cumprir metas ambiciosas e prazos apertados pode levar os gestores a fazerem horas extras frequentemente, sacrificando o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Esse ciclo de trabalho constante pode levar à exaustão e ao esgotamento emocional, prejudicando a clareza mental e a tomada de decisões.

Responsabilidades diversas

A natureza multifacetada do papel de um gestor é capaz de levar a uma sensação constante de se dividir entre várias demandas e tarefas, o que pode ser extremamente desgastante. A sensação de nunca realmente concluir algo pode aumentar o estresse e diminuir a sensação de realização.

Isolamento

O isolamento é uma armadilha comum para os gestores, pois muitas vezes eles não têm colegas de confiança com quem possam discutir seus próprios desafios e preocupações. A falta de um espaço seguro para compartilhar sentimentos pode levar à solidão e ao isolamento emocional.

Falta de autocuidado

Por fim, gestores costumam se dedicar tanto ao sucesso da equipe que negligenciam suas próprias necessidades, seja em termos de sono adequado, atividades físicas ou tempo para relaxar. Essa falta de autocuidado pode resultar em esgotamento físico e emocional.

Por que é importante que os gestores cuidem da saúde mental?

Como mencionamos, as responsabilidades de gestão podem acarretar dificuldades na saúde mental de uma pessoa. Cuidar bem dela, por outro lado, gera benefícios em todas as áreas da vida e até na gerência de uma empresa. Não acredita? Veja, abaixo, como todas as áreas caminham juntas.

Primeiro, como podemos cuidar de alguém se não estamos bem? O profissional responsável por cuidar das pessoas do time deve estar com o equilíbrio emocional em dia. Esse fato faz diferença diretamente na equipe, portanto, também impacta os resultados da empresa.

Um líder que está bem pode ter uma melhor percepção de sua equipe, dar orientações melhores, ter uma maior inteligência emocional e mais qualidade de vida. Por outro lado, quem descuida de sua saúde mental está fadado a não conseguir gerir sua empresa de forma efetiva.

Trabalhar excessivamente pode acarretar algo chamado de Síndrome de Burnout, que é o esgotamento e o estresse excessivos no âmbito profissional. Como consequência, isso pode levar a condições médicas mais graves em médio e longo prazo.

Portanto, apesar das demandas muitas vezes avassaladoras para manter uma empresa em funcionamento, é essencial priorizar a saúde emocional dos gestores.

Você pode se interessar também por: Veja os sintomas da síndrome de Burnout e como evitá-los nos colaboradores!

Como reconhecer possíveis sinais de alerta na saúde mental dos gestores?

Quando a saúde mental dos gestores não está indo bem, o corpo geralmente envia alguns sinais que podem ser identificados se forem conhecidos. Ao percebê-los cedo, é possível focar em ações efetivas para corrigir a rota e contar com o suporte necessário para evitar que a situação se agrave.

A seguir, destacaremos os principais sinais de alerta na saúde mental dos gestores.

Mau gerenciamento do tempo

Se um gestor começa a ter dificuldade em cumprir prazos ou a delegar tarefas de maneira eficaz, isso pode indicar problemas de concentração e organização associados ao estresse. O excesso de trabalho pode levar a uma sobrecarga cognitiva, afetando a capacidade de gerir o tempo de forma eficiente.

Irritabilidade e mudanças de humor

Mudanças frequentes e extremas de humor, assim como um aumento na irritabilidade, podem apontar para o acúmulo de estresse emocional. A pressão constante e as demandas podem levar a reações emocionais instáveis.

Declínio da empatia e do envolvimento com a equipe

Se o gestor demonstrar uma falta de interesse nas preocupações da equipe e no bem-estar dos membros, isso pode ser um indicador de problemas com a própria atuação no trabalho. A diminuição da empatia pode indicar que o gestor está absorvendo a pressão sem encontrar maneiras saudáveis de lidar com ela.

Redução na qualidade do trabalho

Se a qualidade do trabalho do gestor diminuir ou se tornar inconsistente, pode ser um sinal de que ele está sobrecarregado ou emocionalmente esgotado. O estresse crônico pode prejudicar a capacidade de manter o padrão de desempenho anterior.

Queixas de saúde física

Problemas físicos recorrentes, como dores de cabeça, insônia, dores musculares ou distúrbios gastrointestinais, podem estar ligados ao estresse e à pressão emocional. O corpo, muitas vezes, reflete o estado mental, e sintomas físicos podem ser indicativos de problemas emocionais.

Como os gestores podem cuidar da própria saúde mental?

Agora você já sabe por que é importante ter atenção à saúde mental, não é mesmo? Mas, afinal de contas, como um líder deve agir para cuidar da própria saúde mental, antes que os sinais de alerta fiquem mais graves?

A seguir, vamos trazer dicas que ajudarão nesse sentido. Confira!

Evite grandes cargas de trabalho

A primeira dica é a mais simples, porém é também a que as pessoas mais esquecem. É importante evitar cargas elevadas de trabalho. Afinal de contas, você não é uma máquina e deve cuidar bem de seu corpo, para estar em seu melhor estado sempre.

Tenha uma comunicação eficaz com os seus colaboradores

Ter uma comunicação eficaz com os seus colaboradores vale a pena. Assim, você poderá entender exatamente quais são as necessidades deles e expor com clareza quais são as suas. A divisão de trabalho fica mais equânime dessa forma, e todo mundo pode fazer exatamente o que prefere e faz melhor em sua área.

Além disso, ao criar uma boa comunicação com o time, você vai conseguir estabelecer uma saúde mental muito melhor do que aquele gestor que simplesmente vê os colaboradores como números.

Tenha um ambiente de trabalho confortável

Sem dúvidas, um ambiente de trabalho confortável faz com que não apenas gestores, mas também colaboradores, sintam-se mais confortáveis ao trabalhar. A saúde mental de toda a equipe se beneficia de um ambiente de trabalho agradável e respeitoso.

Adote um mindset de calma e análise para a tomada de decisões

O seu padrão de pensamento deve ser sempre calmo e analítico, a fim de que você possa tomar as suas decisões da melhor forma possível. Sabemos o quanto, às vezes, isso pode ser um grande desafio para quem gerencia uma empresa onde o tempo é dinheiro. Entretanto, em nome da sua saúde mental, a calma deve ser a regra, e não a exceção.

Tenha uma rotina saudável

A busca pela saúde mental começa até mesmo fora da empresa. Tenha uma rotina de atividades físicas regulares. Vale a pena contar com o acompanhamento de um profissional da área, por exemplo. Normalmente, quem trabalha em escritório o dia inteiro acaba por passar muito tempo sentado ou parado. Por isso, é essencial mexer o corpo e manter uma alimentação adequada e saudável.

Busque o autoconhecimento

A nossa última dica tem a ver com o seu próprio ser. Jamais deixe de buscar autoconhecimento e de saber quais são os seus lados fortes e fracos. Conhecer-se é a melhor forma de compreender como lidar com as suas questões e com as outras pessoas.

Como vimos, pensar na saúde mental dos gestores envolve um conjunto de fatores. As empresas têm um papel crucial nesse contexto, podendo promover o bem-estar emocional dos trabalhadores. Além disso, criar uma cultura de apoio mútuo e reconhecer o desempenho sustentável são estratégias que não apenas beneficiam os gestores, mas também cultivam um ambiente de trabalho saudável e produtivo.

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*Maria Sartori é Diretora Associada na Robert Half

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