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A Organização Internacional do Trabalho (OIT) reconhece na maioria das empresas no Brasil uma preocupação em ampliar a diversidade entre seus colaboradores, mas também que elas enfrentam grandes desafios para promover a real inclusão.

O papel da diversidade e da representatividade nas empresas

Segundo a pesquisa “Diversidade Aprendiz”, promovida pela OIT, Somos Diversidade e Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS Brasil (UNAIDS Brasil), os grupos mais bem representados dentro das empresas são: LGBQIA+ (45,54%), negro (32,52%) e população de baixa renda (30,77%). No extremo oposto, as pessoas egressas do sistema penitenciário (99%), os migrantes (96,36%) e os transexuais (93,33%) são os que sofrem mais para garantir uma colocação.

“O tema é importante pelo simples fato de que é um dever nosso promover um ambiente que seja respeitoso, seguro, saudável e com oportunidades”, disse Denise Brito, responsável pelas áreas de Diversidade, Equidade, Inclusão e Comunicação Interna da Sodexo, em sua participação sobre o assunto no podcast Robert Half Talks.

Diversidade é uma questão de impacto social 

“A questão social da diversidade e inclusão é muito relevante. Por muito tempo, as pessoas não tinham voz, e hoje é muito importante que indivíduos e empresas deem espaço para quem não teve oportunidade”, completou Débora Ribeiro, gerente de Parcerias Estratégicas da Robert Half.

Segundo as duas, tão comum quanto perceber empresas que querem contratar pessoas diversas é ouvir delas queixas de que não conseguem preencher as vagas.

A diferença de oportunidades no histórico dos profissionais deve ser considerada

Um tema polêmico é o uso de uma short-list (lista de candidatos) de Diversidade, que possibilita o ranqueamento e a comparação dos currículos e entrevistas ao separar os candidatos de acordo com seu currículo ou experiência profissional.

Segundo Débora, a lista gira em torno de seis perfis, sendo que a metade é direcionada a uma comunidade específica — mulheres pretas, pessoas trans, pessoas com deficiência, entre outras. “Mas existe uma queixa dos recrutadores de que conseguem encontrar esses perfis e acabam optando pela contratação tradicional. É preciso entender que as pessoas dessas comunidades não tiveram a mesma oportunidade que homens brancos”, afirma.

Como integrar novos perfis de maneira efetiva nas empresas

Por isso elas dizem ainda ser preciso afastar um certo imediatismo em relação aos resultados da inclusão de novos perfis. “Não se trata de olhar apenas investimento e retorno financeiro rápido. Esquece. Se quiser mesmo apostar na diversidade, vai ter de ir a fundo, trazer parcerias com instituições, entender a história de cada comunidade e como investir na sociedade, dentro e fora da empresa”, afirma Débora.

Nesse sentido, a saída é movimentar ações para dar suporte e qualificação a essas pessoas é tão fundamental. “Desde o recrutamento exclusivo ao redesenho da descrição da posição e ao treinamento, o engajamento é necessário e urgente”, completa.

O que significa "Diversidade e inclusão"

O conceito de diversidade relaciona-se à representatividade dos diversos segmentos sociais e populacionais no espaço de trabalho. Já a inclusão diz respeito à criação de mecanismos eficientes para a contratação e retenção pela empresa.

De acordo com a OIT, o maior desafio é promover a real inclusão, preparando o ambiente de trabalho com ações para acolher, reter e desenvolver talentos diversos, o que envolve necessariamente a adequação das exigências de qualificações. Sem isso, as vagas dificilmente são preenchidas.

“Por isso que o engajamento do topo da pirâmide, dos tomadores de decisão, é tão importante. Eles têm de olhar esse investimento como vistas ao retorno para a sociedade. E só aí a short-list vai deixar de fazer sentido”, define Denise.

Cerca de 87% de quem respondeu à pesquisa afirmaram que suas empresas gostariam de ser reconhecidas por valorizar a diversidade e 78% das empresas dizem divulgar vagas encorajando a candidatura de grupos marginalizados, ainda que não o façam de forma sistematizada.   

Para alcançar a diversidade, é necessário se comprometer

Dentre os respondentes que disseram que as empresas em que trabalham possuem programas de inclusão, 29% confirmaram a existência de programas de inclusão voltados para pessoas com mais de 50 anos. Mesmo assim, a diversidade etária também é um ponto de atenção. O sinal foi dado por outro levantamento, feito pelo InfoJobs, que aponta que 70,4% dos profissionais acima dos 40 anos já sofreram preconceito etário durante processos seletivos.

Além disso, segundo relatório promovido pelo Fórum Econômico Mundial, podem ser necessários 250 anos para que homens e mulheres estejam em pé de igualdade no mercado de trabalho.

Ouça também:

Episódio #1: ESG: como ele impacta na hora de contratar? - com Carlo Pereira e Fernando Mantovani

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Episódio #5: Transformação Digital nas empresas brasileiras - com Edvalter Becker Holz, do Insper, e Caio Arnaes

Episódio #6: Oficeless: desafio para o RH - com Matheus Fonseca, da Movile, e Lucas Nogueira

Episódio #7: Que venha 2022 - com Vittorio Danesi, da Simpress, e Fernando Mantovani

Robert Half Talks

Lançado em outubro de 2021, o Robert Half Talks está disponível nas principais plataformas de áudio e agregadores de podcasts. Em um bate-papo inteligente e descontraído entre headhunters da companhia e grandes nomes do mercado, o Robert Half Talks será uma atração quinzenal, com o objetivo de levar aos ouvintes discussões relevantes sobre o futuro do trabalho e dicas de como se adaptar a um mundo em constante transformação.

Mais informações sobre o Robert Half Talks você confere em: Podcast: Robert Half Talks | Robert Half