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Por Lucas Pinto*

Você conhece o termo quiet quitting? Essa tendência está dominando as conversas sobre o ambiente profissional, virtual ou presencial, recentemente. Mas, ao contrário do que parece, o termo “quiet quitting” que em tradução literal se define como “demissão silenciosa” não tem nada a ver com pedir demissão do trabalho.

Trata-se de uma forma de obter mais controle sobre a interferência que o trabalho pode ter com a vida pessoal. Fechar o computador às 18h, fazer somente as tarefas que estão no job description, passar mais tempo com a família. Esses são alguns exemplos comuns utilizados para definir a tendência. Na verdade, o termo é um eufemismo e é muito mais sobre o colaborador ter mais qualidade de vida e reavaliar suas prioridades. A expressão se encaixa muito mais com o famoso jargão em português "sair de fininho"  do que uma demissão propriamente dita. ​

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Muito se fala atualmente do movimento anti-work, ou anti-trabalho, que se caracteriza em comunidades online e grupos de discussão, muito ativos em redes sociais com o Reddit, no qual colaboradores de diversas empresas se reúnem para conversar sobre o mundo corporativo e as características de seus empregos. Há uma boa dose de humor nesses grupos.

Em julho, um vídeo viral foi publicado no TikTok, a maior rede social de vídeos do mundo entre o público mais jovem, pelo perfil @zaidleppelin. O vídeo, sobre quiet quitting, viralizou e nele o usuário do TikTok afirma: “Quiet quitting não é sobre deixar seu trabalho. É sobre deixar de fazer mais no trabalho. Você ainda faz as suas tarefas, mas você não se submete à mentalidade de que o trabalho precisa ser a sua vida. A realidade é que ele não é, e o seu valor como pessoa não é definido pelo seu esforço”.

Portanto, a popularização desse termo, e dessa ideia, é uma crítica ao que chamam de cultura de “overwork”, ou trabalhar além da conta sem compensação adicional. Em uma era na qual a saúde mental entrou em pauta com força total devido aos dois últimos anos, fenômenos como o burnout e o boreout acenderam um alerta nas empresas e os colaboradores passaram a prestar mais atenção nos ganhos que obtiveram na vida pessoal com as novas formas de trabalho que se popularizaram.

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Como os colaboradores mudaram a forma de trabalhar

A cultura corporativa passou por muitas mudanças durante a pandemia da COVID-19, incluindo o fenômeno da grande renúncia (great resignation), observado com maior frequência nos Estados Unidos e em outras nações desenvolvidas, mas também trouxe questionamentos válidos para o Brasil e outras nações em desenvolvimento. Alguns colaboradores estão negociando posições melhores e benefícios mais interessantes, já que ganharam um certo poder de barganha com as empresas com as mudanças ocorridas no mundo corporativo.

Alguns trabalhadores expressaram um desejo por uma linha menos rígida entre o trabalho e a vida pessoal. Diversos profissionais mudaram de cidade e pensam duas vezes antes de aceitar uma proposta que não esteja alinhada aos objetivos pessoais (como aceitar um emprego que não tenha opção remota ou híbrida de trabalho).

Sem assistência, quem ganha é a concorrência

O quiet quitting, hoje, pode ser um sinal de que o colaborador está de saco cheio de trabalhar demais para ser compensado de menos. No entanto, se o colaborador se sentir desamparado o quiet quitting pode se tornar uma verdadeira demissão voluntária e elevar o turnover. Outro fator que mudou bastante com as transformações trazidas pela pandemia foi a questão do presenteísmo: muitos colaboradores permaneciam presentes no escritório, mas estavam ocupados com outras tarefas. Literalmente esquentando a cadeira por horas a fio para cumprir tabela. A flexibilidade faz com que um profissional possa ter três horas muito produtivas, por exemplo, ao invés de passar dez horas sentado em uma cadeira na qual somente duas destas foram produtivas.

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O fator geracional

O fenômeno é atribuído à Geração Z, uma geração de gente jovem, muito mais questionadora do que os Millennials que os precederam, e que possuem grande identificação com os valores das empresas nas quais trabalham e das quais consomem produtos e serviços. No entanto, o questionamento vale para toda a força de trabalho.

O burnout pode atingir qualquer profissional, em qualquer faixa etária, por uma série de questões diferentes. Portanto, a ideia não é nova, somente a roupagem e a força que ela ganhou pelo alcance massivo das redes sociais que ajuda a espalhar ideias rapidamente.​

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O que fazer ao notar sinais de “quiet quitting” em seu time

Para empresas que estejam lidando com trabalhadores que estejam demonstrando sinais de quiet quitting, a dica de ouro é: remunere e valorize o/a colaborador da maneira correta. Chame o/a para uma conversa e entenda o que está acontecendo. 

Para os colaboradores: se você está passando por uma situação de burnout no trabalho, definir limites pode ajudar com que você recupere o controle da situação. Também vale pensar se não está na hora de partir para outro desafio que seja mais recompensador.

 

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* Lucas Pinto é analista de Relações Públicas da Robert Half para a América do Sul