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Por Fernando Mantovani

O modo como trabalhamos está em constante transformação. Trabalhar a vida toda em uma mesma empresa, das 9h às 17h, seguindo regras e ordens super rígidas, já foi muito comum.

Décadas atrás, a obediência, a pontualidade e a longa permanência em um emprego eram qualidades importantes. Pensar e agir diferente, em contrapartida, soava como uma ameaça ao controle praticado pelos gestores. Um funcionário seria considerado exemplar se fosse capaz de repetir suas tarefas dia após dia, sem questionamentos.

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Hoje, inovação, flexibilidade, raciocínio crítico, ousadia e proatividade são atributos esperados dos profissionais. Mas, por incrível que pareça, essas qualidades ainda não são bem-vindas em todas as empresas. Isto porque muitas ainda funcionam com modelos de gestão do século 20, buscando restringir, em vez de ampliar, a participação dos colaboradores nos rumos da corporação.

Nem mesmo um dos maiores legados trazidos pela pandemia, que foi o trabalho remoto, modificou esse cenário como seria de se esperar. 

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Qual é a diferença entre os tipos de gestão?

Na gestão centralizada, as decisões partem de cima para baixo, e as normas e orientações pautam com rigor as relações, os processos e as rotinas dentro da corporação. Na gestão descentralizada, os colaboradores são preparados para participar das decisões e assumir responsabilidades, tendo as metas e a política da empresa como baliza para sua conduta.

Além de marcante, preciso ressaltar que essa diferença não é somente técnica ou administrativa. Ela tem implicações profundas e concretas nas organizações, dada a magnitude do ato de decidir.

As decisões dentro de uma corporação afetam desde detalhes do dia a dia, como o lugar do café no corredor, até os valores, as crenças, a reputação, os planos, as metas e os resultados dos negócios.

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Descentralizar amplia as chances de sucesso de todos

Se o poder de decisão é algo tão importante, o que acontece quando a imensa maioria dos colaboradores fica à margem desse processo e poucos líderes decidem quase tudo sozinhos?

Em primeiro lugar, perde-se a riqueza da diversidade de ideias e de opiniões, base imprescindível para construir boas soluções. Em segundo, o nível de comprometimento tende a ser menor, já que, em vez de contribuir genuinamente com as atividades da empresa, os times recebem “pacotes” prontos.

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Em terceiro lugar, tomar iniciativa passa a ser visto como uma atitude de risco, que pode se chocar com a hierarquia. Por fim, a soma desses fatores diminui ou até elimina qualidades como autonomia, criatividade e responsabilidade, que dependem de um ambiente participativo e livre.

A gestão descentralizada, por sua vez, oferece inúmeras vantagens. Como mais colaboradores se envolvem com projetos e desafios, as equipes ficam mais motivadas e engajadas, os processos tornam-se mais ágeis e menos burocráticos, a atração e retenção de talentos melhora, entre outros pontos positivos. É fácil concluir que esse contexto é muito mais favorável para conquistar o desempenho e os resultados esperados, bem como a satisfação dos funcionários.

Descentralizar a gestão é possível, desejável e requer uma série de medidas destinadas a elevar a participação dos colaboradores. Vou citar aqui as principais delas:

  • mantenha a comunicação sempre objetiva e, dentro do possível, transparente com a equipe;
  • capacite os líderes a tomarem decisões com segurança e agilidade;
  • conscientize os colaboradores de que todos são responsáveis pelo crescimento da empresa;
  • invista em tecnologias que facilitem a adesão dos funcionários aos processos internos.

Realizar essa transformação não é fácil, porém, significa ter mais colaboradores “vestindo a camisa” da empresa, o que aumenta bastante as chances de vitória de todos.

*Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar

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