Não há dúvidas de que o conjunto de conceitos ambientais, sociais e de governança proposto pelo ESG contribui para a melhora da imagem da empresa e o aumento da confiança dos investidores. Mas ele também tem ganhado relevância em outro quesito: a atração e retenção de talentos. Essa é a minha opinião e a percepção de 33% dos 387 recrutadores entrevistados pela Robert Half durante a sondagem do 16º ICRH.

Envie sua vaga

Do ponto de vista dos profissionais, 83% dos 387 desempregados que também participaram do estudo declararam que o fato de uma empresa possuir boas práticas ambientais, sociais e de governança é um fator importante na hora de aceitar uma oferta de trabalho. Isso acontece, em grande parte, porque as pessoas não querem mais ingressar em uma organização apenas para ganhar dinheiro. Hoje, existe o interesse genuíno em ter orgulho da marca da empresa que se estampa no currículo.

Essa influência do ESG nas decisões dos profissionais quanto aos rumos da própria carreira deve aumentar ainda mais na medida em que a importância do tema for totalmente disseminada entre os trabalhadores. No 16º ICRH, 38% dos profissionais empregados assumiram desconhecer o significado da sigla, enquanto nas organizações, 23% delas revelaram não seguir uma agenda ESG. Para 62% dos recrutadores,  essa situação é atribuída à falta de interesse ou de conhecimento interno sobre esse tema tão urgente que já deixou de ser uma opção no mundo corporativo.

A importância da conscientização para uma jornada sustentável

Na sondagem do ICRH, 77% dos recrutadores afirmaram que nas organizações nas quais atuam existem boas iniciativas de ESG. Considero a porcentagem bastante expressiva, mas com grande potencial para evoluir. A grande questão é que essa evolução precisa acontecer de uma maneira genuína, despertando no time a sensação de orgulho. Não é algo para apenas ser divulgado da porta para fora.

O que tenho visto é que empresas verdadeiramente maduras no quesito ESG têm as ações apoiadas e patrocinadas por uma alta direção consciente, que faz questão de garantir que os planos saiam do papel e que as boas práticas sejam cascateadas para profissionais de todos os níveis hierárquicos. Nelas, entende-se que os recursos naturais do planeta são finitos e que os lucros e a sustentabilidade do negócio também são resultado de ética e boas relações com funcionários, fornecedores, sociedade, grupos minorizados e públicos diversos.

É claro que não é fácil estruturar uma agenda ESG. Aqui na Robert Half temos o orgulho de dizer que demos início aos princípios dela há muitos anos, quando ainda nem existia o debate. Muitas vezes, é preciso redesenhar a cultura da empresa, rever missão, visão e valores, convencer pessoas... Mas com um bom propósito, boas ideias e bons parceiros, não tem como dar errado.

Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar

ESG