Entre tantas dúvidas trazidas pela pandemia e pelos seus desafiadores desdobramentos, há uma certeza: algumas tendências que emergiram com força total no ambiente corporativo não irão embora. Ao contrário, devem se enraizar cada vez mais no dia a dia das empresas. A busca por qualidade de vida, saúde mental e modelos flexíveis de trabalho são algumas delas. Esses temas definitivamente saíram da teoria para impulsionar mudanças concretas de valores, de hábitos e até de emprego, em nome de as pessoas conseguirem se cuidar mais e melhor.

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As empresas são fundamentais nesse novo contexto, já que passamos boa parte da vida trabalhando. Não faz mais sentido a ideia de que um expediente exaustivo e insatisfatório possa ser compensado depois, em casa, na academia, no final de semana ou até mesmo na aposentadoria. A Covid-19 deixou claro que essa “conta” não fecha. Por isso, hoje, as pessoas querem, e com toda razão, ter uma ocupação profissional que seja aliada, e não inimiga, de uma vida mais saudável e significativa.

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A busca por novas oportunidades se intensifica

De acordo com o Índice de Confiança Robert Half (ICRH), 49% dos empregados pretendem buscar novas oportunidades em 2022. Notem que estamos falando de praticamente metade dos profissionais que está trabalhando. Desse total, 61% pretendem mudar de empresa e permanecer na mesma área. Os outros 39% afirmaram ter interesse em um nova área de atuação, mudança de segmento ou profissão. Considerando a crise econômica, que poderia inibir qualquer tipo de movimentação, são números que impressionam e deixam um recado: há um grande anseio por mudanças entre os trabalhadores.

Em ambos os casos, a perspectiva de maior remuneração é o principal motivo, sendo apontado por 37% entre os que querem mudar de empresa e por 31% dos que pretendem uma mudança de carreira. Para o grupo que mira uma nova carreira, o desejo de inovar ou aprender algo novo (19%), a busca de realização pessoal (17%) e a expectativa de uma melhor qualidade de vida (12%) são as maiores motivações.

É necessário acrescentar a esse panorama a baixa taxa de desemprego dos profissionais qualificados. Conforme a análise da PNAD, a taxa de desemprego dessa categoria ficou em 5,3% no primeiro trimestre de 2022. A taxa de desemprego geral, que inclui essa categoria de profissional, foi no mesmo período 11,1%. Ou seja, a busca por talentos no mercado, apesar de alguns indicadores desfavoráveis, não está fácil. Muitos recrutadores acreditam que essa dificuldade persistirá por um bom tempo.

As tendências que não podem ser ignoradas

Dito tudo isso, chegamos ao “xis” da questão. É hora de as empresas avaliarem se estão sintonizadas com as novas demandas dos profissionais e se proporcionam condições e recursos destinados à:

- valorização do equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
- adoção de modelos flexíveis de trabalho;
- legitimação da importância da saúde mental no ambiente de trabalho.

Essas três tendências aparecem em destaque no ICRH 20, que ouviu tanto recrutadores quanto profissionais empregados ou em busca de emprego. Elas indicam aspectos que podem fazer diferença na hora de atrair e reter talentos, já que um bom salário é importante, mas não suficiente. Para um candidato que esteja entre duas remunerações parecidas, um ambiente de trabalho humano e acolhedor desempata rapidamente o jogo.

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Não há uma fórmula que se aplique para todas as empresas

Não há uma receita padrão ou uma fórmula milagrosa para transpor essas tendências para a realidade das empresas. Cada cultura organizacional é única e suas características devem ser respeitadas para que uma política de saúde mental ou um sistema de trabalho híbrido, por exemplo, funcione na prática. O indispensável é promover essas mudanças antes que os profissionais saiam em busca delas na concorrência.

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Se a corporação já está em dia com essas tendências, o desafio é outro. É importante monitorar os processos implantados e medir seus resultados constantemente para que eles sigam alinhados à finalidade de atender aos anseios dos funcionários e da organização.

Gosto de enfatizar que os anseios dos funcionários mudam, assim como o mundo em que vivemos. Da mesma forma que a pandemia trouxe mudanças, outros acontecimentos, como crises econômicas ou novas tecnologias, também podem trazer outros desafios, impondo novamente a necessidade de se reinventar. Ou seja, não é porque a empresa investiu em grandes mudanças agora que pode fazer vista grossa para novas demandas e tendências. Estar em sintonia com o tempo que vivemos tornou-se uma vantagem competitiva, isso é fato.

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar

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