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Por Fernando Mantovani

 

A diversidade é um movimento positivo e não medida desesperada nas empresas. No entanto, muitas vezes, os programas voltados ao tema acabam engessado, pois, os gestores enxergam a necessidade, mas não entendem, não tem empatia pelo diferente e não absorvem a importância de quebrar paradigmas e preconceitos.

 

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Gostaríamos de te convidar a refletir sobre um ponto específico do assunto, que eu acredito estar na raiz da questão: o quanto você aceita o pensamento diferente do seu, independentemente da origem, crença, condição ou opção do outro?

Questionamos porque vemos profissionais de diferentes gerações e níveis de instrução acostumados a pensar e agir de uma forma engessada, assumindo de maneira automática que o que é diferente não serve, não funciona ou é ruim. Vamos refletir sobre o assunto?

Como identificar se a diversidade é um movimento genuíno

Quando a diversidade como movimento positivo e não medida desesperada não é um ato consciente e genuíno dentro das empresas, as pessoas que fazem parte das minorias percebem.

Empresas que não acolhem acabam perdendo grandes talentos, além de ter sua imagem prejudicada no mercado.

Por tudo isso, sugerimos que os líderes interessados em estimular a implementação de uma Política de Diversidade na empresa verifiquem se há resposta afirmativa para as quatro perguntas abaixo.

A alta gestão está de acordo?

O primeiro passo para implementar uma Política de Diversidade é ter certeza de que há um desejo genuíno dos integrantes do board da empresa em fomentar a ação. Isso porque o pensamento diverso tem que vir da diretoria, cascateando para as demais camadas da hierarquia.

Confira também: Diversidade: por que não podemos mais ignorar esse tema

Todos estão dispostos a mudar?

Em geral, mudanças que envolvem cultura doem, geram desconforto, exigem aprendizado, tiram da zona de conforto e dão trabalho. Isso tudo não quer dizer que a iniciativa seja ruim. É apenas um alerta de que ela vai demandar disposição, vontade e abertura para mudar, agir e fazer a diferença.

Faz parte dos seus planos ouvir a equipe?

Antes de sair propondo mudanças na empresa, abra canais de comunicação com colaboradores de todos os níveis para entender como eles se sentem em relação à diversidade. Isso vai te dar uma visão ampla sobre onde estão as barreiras e o que pode ser feito para superá-las.

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Há disposição para perder profissionais?

Mudanças na cultura da empresa podem refletir na perda de alguns profissionais mais conservadores que não se adéquem ao novo momento, se incomodam ou se sentem preteridos.

Isso não deve ser um impeditivo para que a ação vá adiante, afinal, o tema diversidade é pertinente. Se o profissional não tem mais aderência aos princípios da companhia, o melhor é que ele vá em busca de algo que o faça mais feliz. Sem contar que, em muitos casos, rotatividade é uma ótima oportunidade para oxigenar os conhecimentos da equipe.

Por onde as mudanças começam

Se as respostas para as perguntas acima indicarem que sim, sua empresa está pronta para investir em diversidade, é hora de iniciar as mudanças.

Comece pelo começo

Reúna os colaboradores e comece a treiná-los para o novo, o inclusivo e o diferente. Promova comunicados e treinamentos francos sobre o que é racismo e homofobia, termos que não devem ser usados e os motivos, além de apresentar contextos históricos. Desmistifique pensamentos e apresente as falhas do senso comum.

Crie um comitê

Ter um comitê sobre a diversidade vai contribuir com a adaptação de processos e políticas, conscientização das equipes, aprimoramento da comunicação interna e mudança de postura da liderança.

O comitê também deve influenciar e interferir, quando necessário, nos meios de comunicação, nas imagens utilizadas e nas denúncias na ouvidoria das empresas.

Leia também: Promovendo a diversidade nas empresas

Faça recrutamentos inclusivos

Sabe as vagas afirmativas para a diversidade que muitas empresas praticam? Adote! Sempre que estiver fazendo o levantamento de necessidades em gestão de pessoas para a empresa, reserve uma porcentagem das oportunidades para um grupo específico. Mães, pessoas pretas, PCD são alguns exemplos de públicos que podem concorrer a vagas exclusivas.

Mas reforçamos que, na diversidade como movimento positivo e não medida desesperada, estes cargos estão nos mais variados níveis de escala hierárquica e, consequentemente, salários. É necessário disponibilizar vagas em liderança e para analistas também!

Quais erros não cometer

A essa altura do texto, você já deve ter notado quais posturas indicam que a diversidade possa ser uma atitude não genuína na sua empresa. Mesmo assim, vamos chamar atenção para alguns erros que não podem, em hipótese alguma, serem cometidos:

  • lideranças e alta gestão manifestaram-se publicamente a favor de políticas de exclusão ou discriminatórias;
  • deixar de investigar denúncias sobre comentários ou atitudes desrespeitosas;
  • promover pessoas que têm histórico de conflitos com minoria na empresa;
  • manter o discurso da diversidade, mas não recrutar minorias e justificar publicamente que o motivo é o fit cultural.

O mercado de trabalho já adota diversas práticas para evitar desculpas na contratação e retenção de minorias.

Implementar canais de denúncias anônimas, onde os colaboradores sintam-se à vontade para falar sobre os ataques recebidos, sem medo de represálias e adotar o recrutamento às cegas são exemplos de ferramentas disponíveis para desmascarar o preconceito.

Diversidade e inclusão não acontecem da noite para o dia

Não é difícil encontrar no mercado empresas conservadoras que, muitas vezes e sem perceber, enfrentam problemas para atrair e reter talentos que buscam ambientes onde as diferenças são abraçadas.

Diferentes gerações compartilham os mesmos ambientes de trabalho, sabem do seu valor e não estão dispostos a se esconderem em benefício de pessoas que não conseguem conviver pacificamente com a diversidade do mundo.

É impossível mudar a cultura de uma empresa da noite para o dia. Então, se há a intenção de tornar a empresa mais diversa, comece agora, enquanto ainda há tempo para escolher caminhos, traçar estratégias e envolver os colaboradores no sentimento positivo de criar um ambiente mais acolhedor.

É possível que, em pouco tempo, a ação positiva vire uma medida desesperada nessas organizações. Você não quer fazer parte disso, certo? Afinal, a diversidade é um movimento positivo e não medida desesperada!

Ficou com alguma dúvida ou tem uma experiência positiva sobre diversidade no mundo corporativo para compartilhar? Deixe um comentário!

*Fernando Mantovani é diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar

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